Adaptação
A adaptação das crianças vindas da Venezuela ainda é dificultosa, pois apesar da distância e a falta de condições como: transporte, material escolar, eles veem a língua como principal dificuldade. Além do ensino recebido pela escola pública, essas crianças recebem auxílio de um professor no abrigo onde moram atualmente. A distância como um dos obstáculos faz com que a ida até escola seja algo sofrido, pois a caminhada diária é de no mínimo 30 minutos, fazendo com que alguns não queiram ir para a escola. O número de 17 crianças em adaptação faz com que os pais estudem também a língua portuguesa para aprendizado próprio e para que consigam auxiliar seus filhos no novo país de destino.
A seguir, veja uma entrevista com uma gestante venezuelana que conta como está sendo sua adaptação no Brasil.
ANTES E DEPOIS
Oriunda de Caracas, Miriam Gutierrez, 28 anos, arriscou-se para recuperar a dignidade da sua família. O primeiro destino foi Pacaraima, fronteira do Brasil com Venezuela no estado de Roraima. Depois, cerca de 270 quilômetros de distância, Mucajaí, perto de Boa Vista. Um quadro de pressão alta foi apenas o início da jornada de Miriam em território brasileiro. Acompanhada pelo seu caçula Franyerber, de apenas quatro anos, viu ser negada consulta por uma médica, alegando que os “venezuelanos não eram prioridade ali naquele local”. Mais tarde, três médicos voluntários acabaram por lhe dar o devido atendimento. Passada a situação, ela e o filho pequeno seguiram de avião para o próximo destino. Na Aldeias Infantis SOS Brasil, localizada no bairro Rubem Berta, zona norte de Porto Alegre, Miriam começou uma nova jornada. O reencontro com a irmã Maigualida de 35 anos e com o sobrinho Fernando, de 15 anos, que já estavam na SOS desde abril deste ano, foram um marco positivo na sua caminhada.
SEPARAÇÃO DA FAMÍLIA E PLANOS PARA O FUTURO
Passados mais de dois meses após a chegada ao Brasil, Miriam sonha em conseguir trabalho fixo. Em Roraima, teve a experiência de ganhar R$ 20 reais por semana trabalhando em uma lancheria. Para poder ajudar a sua mãe Fermiana, 54 anos, aposentada, e a filha Francesca, de 10 anos, que ficaram em Caracas, é preciso ganhar um pouco mais. Para isso, Miriam está disposta a aprender qualquer atividade que lhe seja atribuída. Acredita que no Brasil conseguirá recuperar a dignidade que seus pais lhe deram quando ainda era uma criança. Mesmo com a Organização das Nações Unidas (ONU) confirmando que prestará ajuda humanitária ao seu país de origem e que a partir desta ação as coisas podem melhorar, Miriam garante que seu objetivo é poder ajudar seus familiares e, se possível, trazê-los para Porto Alegre.